domingo, 23 de novembro de 2014

Ser ou não ser incapaz, eis a questão

Incapaz, inábil... te falta habilidade para algo? Tenho certeza que sim. Falta habilidade a todos nós, ao menos para alguma coisa. Inábil para tudo? Improvável... sim, só pra não dizer IMPOSSÍVEL. Todos temos capacidades de fazer algo, seja de amar alguém, de cuidar de alguém, de limpar algo, de exercer alguma atividade....etc. Porém, muitos de nós, mesmo tendo tais habilidades, por várias vezes, não acreditamos nela.
Por que essa dificuldade de crer nas nossas habilidades? Por que é tão difícil, algumas vezes, acreditar que somos capazes de lidar com diferentes situações?

Nada é generalizável, porém, podemos supor que houve algo, ao longo do seu desenvolvimento enquanto indivíduo, que "plantou" em você, no seu modo de ver a si mesmo, ao mundo e aos outros, essa crença de incapacidade. Pronto, você prontamente assimilou esta informação e cresceu assim... selecionando no seu ambiente todas as evidências que pudessem confirmar essa crença de que você é incapaz e ignorando as que viessem a contradizer tal informação. Afinal, imagina só, dar "ouvidos" a evidências que irão desmentir uma crença que tenho sobre mim - por mais sofrida que seja crer nela - seria loucura. Se eu tiro uma nota 10 na prova de matemática não se deve a minha capacidade na disciplina e sim ao fato da prova estar fácil, por exemplo. As justificativas fogem a qualquer possibilidade de questionamento da minha crença de incapacidade fortemente instituída...e, assim, saboto a mim mesma. 

 Muitas vezes, vemos na história de vida de indivíduos que desenvolvem tal esquema de funcionamento, pais ou os criadores "principais" que passaram aos seus filhos este "recado" de alguma forma - consciente ou inconscientemente. Existem, claro, os que assim fizeram de modo consciente, afirmando e reafirmando a incapacidade da criança/adolescente em lidar com situações diversas, sem muita polidez; porém, existe a outra parcela destes mesmos pais que, de modo inconsciente - no sentido de não saber do efeito que está causando em seu filho - "plantam" a mesma ideia: você não é capaz de fazer as coisas só, por exemplo. Isso pode ser feito de diversas formas, as quais não caberiam ser descritas aqui; porém, um exemplo comum e recorrente é na forma de orientação e controle excessivo dos filhos no que diz respeito à execução de tarefas já ensinadas, o que pode gerar no filho a interpretação de que "se minha mãe me diz como fazer as coisas o tempo todo, isso significa então que não sou capaz de tomar tais decisões sozinho." E assim cresço. E nisso eu acredito.

Claro que aqui simplificamos ao máximo o exemplo e não estão sendo consideradas exceções que exigem posturas mais ou menos controladoras por parte dos pais; contudo, a ideia é transmitir o importante papel que um educador pode e deve ter na formação da crença do individuo em si, no desenvolvimento de sua autoconfiança e senso de capacidade. E, mais do que isso, transmitir aos "filhos" a noção de que muitas vezes, as suas crenças a respeito de si e do mundo de modo geral, podem ser tendenciosas - em geral, são - e que, portanto, merecem dúvida, questionamento e, por fim, quem sabe, mudanças, de modo, sempre, a fazer a sua vivência mais saudável e suas interpretações mais condizentes com a realidade. Acredite, você pode crer que é incapaz de lidar com situações trágicas em sua vida, mas, isso pode não ser verdade. A propósito, estudos apontam que 79% das pessoas ansiosas lidam melhor com resultados negativos do que normalmente esperam. Isto te diz algo? As expectativas que criamos a respeito do nosso desempenho em algo é influenciada pelas crenças que temos a respeito de nós mesmos, logo... crenças equivocadas geram expectativas equivocadas, que, felizmente - neste caso -, serão frustradas. 

"Se as pessoas questionassem mais a sua incapacidade, teríamos mais pessoas capacitadas." (Eduardo Henrique Correira da Silva)

Priscila Mendonça

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